Criada por Sigmund Freud, a psicanálise tem sua pré-história marcada por diversos avanços teóricos e clínicos, aproximações e distanciamentos de Freud em relação a outros pensadores, essenciais para o seu desenvolvimento.

Aproximando-se de Charcot e da importância do componente sexual na histeira, e afastando-se de Breuer, e de sua teoria sobre a hipnose, Freud pôde descobrir o inconsciente e assim, criar a psicanálise.

Em sua pré-história, buscando oferecer um modelo teórico capaz de conferir inteligibilidade às suas descobertas, Freud escreve, em 1895, seu "Projeto para uma Psicologia Cientifica". Uma obra pré-psicanalítica. E deste "Projeto" ao Nascimento da Psicanálise, lá se vão 5 anos.

Em 1900, Freud publica seu artigo "Interpretação dos Sonhos", e apresenta o conceito de inconsciente. Nascimento da psicanálise!

Em uma carta a Fliess, Freud lhe diz: "Nesta casa, em 24 de julho de 1895, o segredo dos sonhos foi revelado ao doutor Sigmund Freud". E qual era esse segredo? O segredo era que o sonho tem sentido, e seu sentido é a realização de desejo.

Freud nos apresentou seu primeiro aparelho psíquico. Um aparelho que, embora seja parte constituinte de todo ser humano, não é um aparelho físico. Desde o texto "Sobre as Afasias" (1891) - antes da psicanálise - o aparelho psíquico é um aparelho de linguagem.

Aparelho psíquico descrito por Freud em três termos: inconsciente, pré-consciente e consciente. Sua "Primeira Tópica". "Interpretação dos Sonhos", "Psicopatologia da Vida Cotidiana", "O Chiste e suas Relações com o Inconsciente", obras "canônicas" que compõem o primeiro aparelho psíquico freudiano.

Assim, os sonhos, os atos falhos e os chistes, produções do inconsciente, possuem sua própria lógica, e o eu, descentralizado de sua superioridade subjetiva, não é senhor em sua própria casa, algo o comanda que não sua consciência, algo o comanda além de sua razão.

Após 130 anos de seu sonho revelador e criador da psicanálise, o "Sonho da Injeção de Irma", nos dedicaremos à sua descoberta.